Hoje é um dia simbolicamente carregado de energias inundadas — afogadas nas águas de Peixes e Escorpião.
Afinal, o Sol se encontra em Escorpião e a Lua em Peixes: muita água rolando por aí…
Quando falamos em água no universo simbólico, estamos falando das emoções — mas não de qualquer emoção — e sim daquelas envolvidas no mistério sagrado que envolve nosso Ser.
Até mesmo aquelas que não conseguimos nomear, porque, na profundidade, se encerra o Sentir.
Muitos ao redor do mundo estão comemorando o Halloween e a festa céltica de Samhain, um portal entre mundos, entre o visível e o invisível, entre a morte e a vida.
Muitos buscam fantasias assustadoras para enfeitar e celebrar as sombras de nossa psique.
Poderia ser apenas mais uma festa simbólica, como tantas outras — semelhante ao Carnaval, quando as pessoas se fantasiam e revelam seus desejos sombrios.
Mas aqui falo da minha festa interior.
Algo em mim pede morte e renascimento.
E não por acaso, dois dias depois, aqui no Brasil, celebra-se o Dia dos Mortos.
Quanta escuridão envolve esses dias entre celebrações — o Halloween à noite, e o Dia de Finados, quando as pessoas se dirigem aos cemitérios para cultuar, ou enterrar mais uma vez, seus entes queridos.
Haverá um sentido maior por trás dessas datas comemorativas?
No hemisfério norte — e nas civilizações antigas — esse era o limiar entre o fim das colheitas e o início do tempo escuro do ano.
Falo de tradições ancestrais que ainda não morreram em nós.
Mesmo sem consciência plena, há um movimento uníssono de grandes grupos de almas que ritualizam a morte, ainda que isso siga sendo um tabu a ser falado em nossa sociedade.
Mas hoje, me encontro nesse limiar, entre o escuro e a luz que me guia.
Despedindo-me ainda sem ter noção do que isso venha a reverberar em meu campo energético e sagrado — pois meu ascendente é Escorpião, e isso chega ao meu corpo, ao meu espaço universal, ao meu Eu mais profundo.
Sinto que são os resquícios de uma consciência envolvida no aprendizado material, enquanto Ser gerado e dado à luz em uma família matriarcal e predominantemente feminina — que me trouxe a sabedoria e a força de uma guerreira.
Uma guerreira que veio integrar o feminino e o masculino como força geradora do Sol e da Lua dentro de mim, para iluminar meus passos no mundo.
Ainda falo da dicotomia universal entre dia e noite, vida e morte, ação e recolhimento, expansão e retração — mas agora no nível material, dentro do corpo, deste universo único e ímpar que somos nós, habitando este planeta, plano e dimensão.
Desde sempre soube que precisaria romper com crenças, contratos, votos e carmas familiares, para que eu renascesse inteira, única, alinhada com a vontade suprema da Fonte, e assim pudesse me expressar no mundo.
E eis que a hora é chegada.
Assim em cima como embaixo…
Eis-me aqui.
Na rendição de pensar quem eu sou.
De me identificar com a história terrena que vivi.
Com os papéis que assumi.
Com as narrativas que contei e recontei a mim mesma…
Há mais vida do que meus olhos podem contemplar.
Mais vida a sentir e viver aqui na Terra, além dos desejos carnais e das vontades egóicas de performar.
Eu apenas sei — mesmo sem saber.
Há uma força, um ímpeto, um respiro maior do que eu possa controlar, que pede — que clama — para ser experienciado.
Vai além dos padrões humanos criados pelos humanos, fazedores de teorias e “verdades universais”.
É algo que se contém e emerge apenas do SENTIR.
Mas um sentir que vai além dos cinco sentidos descobertos pela ciência.
Um SENTIR que alcança os céus e se materializa na Terra, diante dos olhos humanos — disponível apenas àqueles que se renderam ao sentir em demasia, esse sentir que não se encerra na linguagem humana ou poética, mas que a alma tenta expressar profundamente.
No dia de hoje, ainda que eu pensasse que minha clareza me levaria a uma decisão que mudaria os rumos da minha vida — para meu mero engano, ela já foi tomada antes mesmo de me tornar verbo.
E agora só me resta RECONHECER o quanto sou abençoada.
A ideia de ir em direção à pessoa que, para mim, ainda faz sentido estar na presença dela — é só mais uma ideia de apego, de medo de deixar ir.
O chamado aqui é DEIXAR IR toda ideia de família apenas no contexto consanguíneo, para ir além da união de almas.
Deixar ir também o conceito de amizade, como conhecemos.
É muito mais que isso.
Deixar ir.
Para experimentar a única essência — material e cósmica — que importa nesta Nova Era:
o AMOR.
O amor revelado e divino que vibra em cada um de nós, “seres humanos”, razão pela qual encarnamos e evoluímos.
Deixo aqui registrado algo que vai além do simples findar do dia 31 de outubro:
o transpassar das águas universais para o fogo sagrado.
💫 Eurídice Rocha Coni
🜂 Canalização do portal de Samhain – 31 de outubro de 2025


Poder se abrir, deixar ir e experimentar o céu aberto, sem os limites do eu/outro. Encontrar a natureza pura, que está além dos conceitos!!! Somos muito mais do que nossos pequenos "eus".
Lindo texto, Eurídice! A alma buscando a transcendência!
E que bom esclarecer o contexto e o significado maior dessas datas comemorativas pra não nos perdermos na superficialidade e no consumismo que vem junto. Obrigada 😊!
Carliza eu qur sou imensamente grata que esse texto te tocou não a mente mas a alma. Gratidão pela sua presença