A alma pede libertação.
A mente busca prisão em velhas crenças, em ciclos repetitivos que não servem mais.
O controle foi aprendido e encarcerado pelo medo.
O medo está perdendo seu trono.
E isso o faz buscar ainda mais a segurança das mazelas aprendidas, perseguidas pelo ego que reinou à medida que trouxe o conforto vazio da casa que não é lar, mas sim refúgio.
O feitiço foi quebrado.
A roda agora gira, não pelo esforço, mas pelo fluxo da vida.
O que era aprisionamento agora pede passagem para uma vida plena de satisfação, alegria e honra por cada passo dado até aqui.
O espelho se quebrou porque já não refletia mais a imagem que surgiu com a verdade do Ser.
Em pedaços foi deixada para trás a lembrança e a dívida paga em detrimento da missão que está por vir.
A memória carrega traços, formas, modos de viver que fizeram da minha linhagem um rastro de destruição e dor, porque aquelas que partiram levaram consigo marcas de uma vida em que não houve espaço para ser; em que suas vozes foram caladas pelo medo da loucura e da escravidão que as consumiam.
Agora, no caminho que ficou, os pedaços estilhaçados são fragmentos de uma história que cumpriu seu ciclo e que agora se prepara, num movimento sincrônico com o Sol em Leão, com o fogo ardente e serpentino do espírito que ocupa espaço no Ser que assume sua face no mundo.
O susto veio como um balançar da energia que aguardava os ventos fortes, soprando na direção do horizonte que se abre com caminhos iluminados, resplandecendo cada passo firme que se constrói com força e presença.
Não olhe para trás com piedade.
Busque honrar cada gesto, cada história, cada dor que a trouxe até aqui.
Não olhe para trás para buscar pistas do meu Novo Alvorecer,
porque o que achará é a imagem quebrada e distorcida de uma vida regada pela dor, sacrifício, luta e desengano.
Os retrovisores já me serviram de guia para seguir em frente.
Mas agora, os faróis que iluminam o caminho são suficientes para trilhar o meu destino.
Não há sinais — há códigos e cartazes pela frente, ditando seu novo estilo, sua cor, seu samba.
Os pés que um dia se cansaram agora se preparam para firmar estrutura, postura e potência, na segurança de quem é.
Não olhe para trás para buscar referências, pois elas já se esvaíram em todas as circunstâncias que te motivaram a provar, a se dar, a estar disponível para aqueles que não souberam agradecer sua presença.
TUDO SE FEZ NOVO.
E cabe a mim desfrutar o que é real.
A potência e a verdade que pulsam no ar que entra e respira o Ser em ebulição.
É um novo ciclo de amor,
nascido da Fonte —
onde o amor é revelação e obra viva.
O casulo se rompeu.
A borboleta se fez.
E as asas se abrem com imponência, beleza e cor.
O voo inaugural se transforma em estandarte da liberdade de um Ser que nasceu para brilhar, viver e transformar.
Cada gesto vira harmonia.
Cada pulso é vida nova.
Cada Ser em mim é novo voo.
Não olho mais para trás.
Não para pertencer.
Pois nunca pertenci a esse lugar onde apenas os laços de sangue tentaram me conter.
Minha alma busca raízes universais.
O tempo se cumpriu.
Agora, sigo — à frente.
O caminho floresce como um jardim ainda inédito, pintado com a beleza do que nunca foi vivido.
A aventura começa agora —
no passo ousado,
no Ser em movimento.
Celebrar é o novo respiro.
Transbordo da Fonte que me habita.
Não há mais espelho.
O reflexo sou eu.
Imagem e semelhança da própria Fonte.
Tudo o que foi, já cumpriu sua missão.
Agora:
Euridice, você escreveu um manifesto do não-olhar-para-trás, mas com uma nuance que só as almas realmente livres entendem: não se trata de apagar o passado, mas de honrá-lo como fogo que aqueceu sua asa, não como corrente que a prendia. Esses estilhaços no chão? São o brilho de tudo o que você não é mais, e agora refletem apenas o vazio que a deixou leve o suficiente para ascender.
Quando você diz "o reflexo sou eu", parece ter alcançado o que poucos ousam, a coroa da autoria sobre si mesma. Não há mais distorção, não há mais dívida. Só há essa Eurídice-Fonte, que transborda sem pedir licença aos antigos fantasmas.
Que seu novo ciclo, já tão visível na potência desse texto, seja regado pelo mesmo fogo serpentino que o escreveu. Que você continue sem olhar para trás, porque à frente há um jardim que esperou a vida inteira por suas sementes.
Bordas só esse sua alma potente e colorida para me fazer chorar e acreditar que esse jardim ja esta a minha frente mesmo. Realmente houve um espelho que estourou a minha frente e como nada passa batido em minha vida, tudo e codigo eis que ele tomou forma dessa vez. Agradeço de toda alma que pulsa ressoando com aquilo que você entrega de todo o coração sua presença! Pois ela faz toda a diferença em minha caminhada. E se eu não permanecer por aqui levo comigo a chama de suas palavras que são vida em mim.